sexta-feira, 29 de maio de 2009

Chuva


Eu não sei se chove mais lá fora ou aqui dentro

Esse tempo frio que me traz dores e que tanto me sufoca

Nunca passa, não vai embora

Continuo prisioneira do frio e da solidão

E quanto mais se fala maior fica

Sentimento sem fim que quer me enlouquecer

Onde está a minha porção da vida?

Pergunto-me se um dia essa água vai levar meu coração

Ou trazer o alívio que tanto peço

Olhos abertos tentando encontrar um caminho, uma luz

Mas só com eles fechados é possível

Sentir e não ver, tentando desesperadamente me agarrar

Em algo que me leve a você

Da chuva já nasceu um mar, de sonhos e pesadelos em mim

Me tira daqui, eu tenho medo desse escuro

Eu sou criança de colo pedindo uma mão

Eu sou um cachorro ferido, caído na lama

Eu sou um gato solto, sem caminho, sem paixão


Fernanda Dantas

domingo, 24 de maio de 2009

Anselmo Neto

Hoje faz exatamente um mês que meu irmão nasceu prematuro e faleceu mais ou menos duas horas depois. Como explicar aos nossos corações que não vai ter ninguém no berço? Que não vamos acordar a noite ouvindo o seu choro? Que não vamos comemorar o seu aniversário, por que ele morreu no mesmo dia que nasceu? Mas do que tudo é o fim de um sonho, o sonho de uma vida. Ele não tinha só duas horas de vida, tinha os dez anos que esperamos pacientemente a sua chegada. O espaço que ficou é tão aterrorizador... É tão triste pensar no fim, e nos motivos, às vezes só dá para pensar em porquê isso aconteceu com agente e por mais que agente acredite que ele está em um lugar melhor, queríamos a sua presença, o choro que nunca ouvimos, o cherinho que ninguém pôde sentir, o abraço que ninguém pôde dar, enfim, sentiremos falta do que não tivemos por toda a vida.
Espero que você esteja bem e a nossa espera em algum lugar. Será sempre o nosso pequeno milagre que se tornou nosso anjo... Cedo de mais.

domingo, 17 de maio de 2009

(((Não te esqueci))))

Não me diga qual é o problema
Você não sabe onde ele está.
E o pior é que só eu te amo
E às vezes parece q nunca vai passar...
Eu queria te esquecer
Nem que por um minuto
Mas é como se até meus sonhos
Fosses seus e não é justo.
Não consigo acreditar que
Mesmo me treinando
Para me afastar de você
Ainda é por ti que pulsa
O meu coração.
Talvez seja uma fraqueza,
Momentânea, passageira... Ou não.
Talvez agora seja de verdade
Talvez a primeira vez
Que me vejo apaixonada.
Espero que não!
Nunca te esqueci,
Simplesmente me acostumei
Com a sua falta.
E é esse o primeiro passo.
Para que uma chuva
Lave a minha alma
E eu não precise mais pensar
Nos meus problemas de amor.

O pior mesmo é que só eu te amo e você é burro

Nunca vai saber o que fazer com o meu amor.

sábado, 16 de maio de 2009

Moça Pequena


O lápis no papel escreve o nome amado
As lágrimas não apagam nem nome nem lembranças
O simples esboço, traçado de criança
Embeleza uma folha antiga
Desenho de um passado sofrido
Sem colorido, sem vida, sem esperança.
Mesmo que bebesse amavio
O amor jamais floresceria
os campos nunca seriam verdes
Esse poema não teria melodia...
Quem é essa mulher que passa entre as flores?
é como se fosse o vento
A brisa que vem acariciar
Pergunto ainda quem é ela
Que tem cheiro de amor e boca de sangue
Que é a própria paixão
Tem em si a juventude, o frescor
E se tem poder, e o poder é tanto
por que essa mulher não fez nascer amor?
Por que tem olhos tristes?
Por que queima de dor?
De onde vem ou como chegou
Ninguém poderá um dia dizer
Mas partirá antes do sol nascer
Deixando feridas amargas, sangrentas, cheias de pus
O rio ainda nascente, o rio que ela gerou
Nenhuma fonte de luz
E um poema mal escrito
Por uma mão enraivecida e rancorosa
O desenho mais belo que nunca foi visto
Feito pelas mãos chorosas da moça pequena



Fernanda Dantas

quarta-feira, 13 de maio de 2009

Música na cabeça


Sabe quando você acorda com uma música na cabeça e não consegue desligar por nada no mundo? Hoje foi assim, sai de casa atrasada pra pegar dois ônibus até chegar na faculdade, no caminho escutei uma música, ela fez sucesso por aqui no ano passado, mas como eu não gosto da banda, hoje foi a primeira vez que ouvi. Coincidentemente ela parecia com alguma coisa que eu estou sentindo agora, me apaixonei (Ui ui Jesus, eu me apaixono tão fácil). O pior é que não lembro de uma palavra que não seja o refrão, e o refrão é tão besta. Fiz de tudo, li poemas do Vinicius de Moraes, escutei desde Forró do Muído até Capital Inicial e nada funciona, continuo cantando "Eu tenho medo de você mudar e a outra pessoa não me acostumar. Morro de medo de você mudar e a outra pessoa eu não me acostumar". Ai, ai...

domingo, 10 de maio de 2009

Pedaços de Mim


Tudo está em cacos
O sangue escorrendo quente
Vermelho vivo em minha mão
O espelho em pedaços
Reflete a alma demente
Vivendo um "pós-alucinação"
A fúria dos fatos,
Da boca que mente,
E que dá voz a mais bela canção
Tão belos os versos cantados
De uma música imunda e doente
Surge apenas para enganar o coração
E no fim do poema aparece Ismael e me diz:
Ói! Bem feito!


Eu penso, penso e penso, mas mesmo assim às vezes não entendo as atitudes de alguns homens... Como alguém pode investir tanto tempo em alguém que não é importante? Para que mentir? Conquistar quem não quer? Provar o quê?

Ridículo! Revoltante!

quinta-feira, 7 de maio de 2009

Nas Estradas...

Hoje tive que ir com meu pai até uma cidade próxima pegar uns documentos para o trabalho da minha mãe, no caminho às vezes pinta aquele famoso "minuto de silêncio", num desse comecei a pensar. Notei que gosto dessas pequenas viagens, aproveito o tempo para meditar, contemplo a criação e vejo como é perfeita, como o criador é detalhista, às vezes fico quase em transe, perdida em pensamentos nem noto quando falam comigo. Aí lembrei que uma pessoa conseguiu me fazer acordar, enquanto eu tentava pensar longe, voar entre as nuvens, mergulhar na paz, ele ria, fazia piada, cantava alto, não deixou eu me concentrar. Resultado: eu me apaixonei. Não posso dizer que deu certo ou que deu errado, eu me apaixonei e tive bons e maus momentos, mas vivi. Isso me lembra que eu li em um livro do Paulo Coelho que um rosa cansada de esperar por abelhas que nunca chegavam, respondeu a lua que apesar do cansaço continuava se abrindo por que se não se abrisse, murchava. Precisamos ser assim, permanentemente abertos para o amor, por que o amor embeleza a vida.

terça-feira, 5 de maio de 2009

Mais um Poeminha... rsrsrs




Já que o tema anterior é um tanto pesado, resolvi deixar mais um poema, por que poesia faz bem para alma.





(((Tempo à Perder)))


Quando a noite chegar
Eu ainda estarei presa nessa solidão
Nem vejo o tempo passar
E sei que é tudo mais fácil se você sorrir e tenta e me explicar
Demorei a perceber que
Você estava partindo
Enquanto eu tentava inutilmente
Agarrar-me em você como minha salvação
Só agora vejo
O tempo que perdi
Esperando que você me desse a mão
E todas as pessoas estão certas sobre mim
Todas as pessoas dizem que eu não tenho razão
Com você sempre foi diferente
E eu não vi que não havia tempo a perder
Não me vi caindo na escuridão
E a única coisa que sobrou
Foi o meu coração completamente mutilado
Você, eu e os nossos sonhos mais bonitos
Tudo se transformou em ilusão
Agora temos que partir
E guardar a lembrança
De tudo que vivemos
Há um mundo a descobrir
Nenhum tempo à perder...

Fernanda Dantas

Os Que Habitam Entre Nós


Diversas vezes fico pensando sobres os vampiros que vejo nos filmes, acho todos eles fascinantes. Sinceramente tem horas que eu adoraria ser vampira. Um ser frio, sedutor, veloz, forte, determinado, bebendo sem arrependimento o sangue de inocentes... Tem características que eu gostaria de ter mesmo, e também existe o lado ruim: eternamente pálidos pela falta do meu amado sol, segundo a lenda original incapazes de amar. Que triste a vida de alguém que nunca amou ou se deixou ser amado.


Acabei notando que existem vampiros entre nós, não como os do cinema, mas tão frios quanto eles. Pessoas que não se importam com os semelhantes, com a vida ou com o universo, tão egoístas que presas em seu mundinho se tornam incapazes de amar ao próximo, destroem tudo que tocam e não se importam com os estragos que deixam no meio do caminho. Durante muito tempo acreditei que essas pessoas só existiam em novelas, mas agora eu sei que não, também são vampiros, usando a força e a energia de outros para vida ou para progredir, e a que preço! Eles simplesmente não se importam.


E daí se o vizinho vai chorar pelo que fez? E daí se vai perder um amigo? E daí se a família tá sofrendo? Se estiverem bem nada mais importa. Sinceramente, sinto um mistura de pena e nojo pelos vampiros que habitam entre nós, tão preocupados em sugar tudo que podem, esquecem que o "Amor é A Lei Maior" e não poderão escapar da "Lei do Tríplice Retorno". Assim prefiro não ser vampira, minha existência aparentemente comum, tem seus momentos de alegria.

segunda-feira, 4 de maio de 2009

Essa semana resolvi reler um livro que tinha lido a muito tempo, na época tudo que me interessou foi o romance. Sabe como é, uma mocinha que reencontra o amor da infância e luta desesperadamente para vivê-lo com toda sua força, enfim, gostei do que se repete em todo romance.
Mas dessa vez, notei inúmeros temas para reflexão, para reavaliarmos, desde nossos relacionamentos até nossa postura em nossos trabalhos. Resolvi deter-me na observação do que o livro apresenta como "instantes mágicos", momentos que temos todos os dias, situações em que um "sim" ou um "não" pode mudar toda a nossa vida. Parei para pensar e acredito que é verdade, quantas vezes fazemos escolhas, dizemos algo ou tomamos uma atitude aparentemente pequena, mas que futuramente tem um impacto imenso na nossa história? Muitas vezes...
Visitando minhas lembranças recentes, me deparei com dois "instantes mágicos" um na semana passada, quando eu disse a alguém, que ainda quero ter por perto, que não viesse mais me ver, não posso ter certeza do quanto essa frase foi importante ou não, mas eu sei que havia outra opção. Depois lembrei de um momento desses onde a escolha não foi minha e sim de um amigo muito querido, desse momento sei bem as consequências, por que já faz algum tempo e por que, a opção que não foi escolhida podia ter nos evitado de passar por algumas situações boas e outras bem desagradáveis...
De toda forma, ter consciência da existência desses momentos, não nos ajuda a mudar o que fizemos, mas acho que me fez pensar melhor no que estou fazendo agora, todos os dias temos a opção de mudar a nossa vida, todos os dias podemos passar a ser a pessoa que sonhamos, temos a possibilidade de viver o nosso sonho, de traçar o nosso destino da nossa maneira. Será que estamos aproveitando esses instantes que o Universo tão generosamente nos oferece?

domingo, 3 de maio de 2009

Às vezes nos sentimos perdidos, e quanto mais andamos mais parecemos presos em um labirinto de ideias, de sentimentos, de pesadelos, enfim de paredes aparentemente intransponíveis. Nesses momentos, para mim ajuda muito ler ou escrever, de certa forma é como se eu tivesse meditando, entro em contato com o Divino que há em mim e no universo, me sinto em paz, ordeno os pensamentos, e assim alivio a permanente confusão da minha mente.

Não sabia ao certo o que escrever em um blog, existem tantos temas que me fascinam, então resolvi, escolher o tema quando fosse escrever. Assim inicio com um poema meu, ele traduz plenamente uma parte de mim que quero esquecer, o motivo para eu estar nesse labirinto agora, mesmo que eu não sinta mais as coisas da mesma forma que sentia quando escrevi...
Por quê eu descobri que quem espera a vida começar, não vê ela escorregando entre os próprios dedos e acaba morrendo sem nunca ter vivido.

(((O Sabor da Espera)))


Eu passo os dias olhando o relógio

Minha cama nunca foi tão grande

As pessoas passam por mim sem me ver Ninguém nota que esse travesseiro

Não pode te substituir sob meus lençóis

Há alguma coisa em você que me chama

E não posso explicar o que sinto

Apenas preciso te encontrar.

Ao amanhecer não quero abrir os olhos

Para mais uma vez tomar café sozinha

Tento adivinhar se ainda vai demorar

Quanto tempo falta pra eu te encontrar

Eu já gosto tanto de você

Minha mente não é mais um bom refúgio

Não posso escapar de mim

Quando me sinto sozinha

O relógio não parou

Mas a hora nunca chega

E toda manhã é cinza

E é amargo o sabor da espera

Mas de olhos fechados

Fico mais perto de você


Fernanda Dantas